Você
já deve ter ouvido a expressão "frio e calculista" sendo usada para
descrever alguém que não demonstra nenhuma emoção. Mas um novo estudo da Universidade
Duke nos Estados Unidos mostra que a inteligência emocional
e a habilidade de fazer contas mentais é mais conectada do que imaginávamos.
Para a neurociência, o exercício
cerebral de fazer cálculos matemáticos era chamado de "controle executivo
frio", porque era totalmente desassociado das emoções. Agora,
pesquisadores encontraram as primeiras evidências de que, pelo menos no
cérebro, esse processo é mais "quente" do que a gente imaginava.
Eles recrutaram 186 estudantes
universitários, que passaram por ressonâncias magnéticas enquanto resolviam, de
cabeça, alguns problemas da matemática. Cálculos como esse ativam a memória e
estimulam uma área do cérebro chamada de córtex pré-frontal dorsolateral.
Além disso, os participantes precisavam
contar de como lidaram com seus problemas mais recentes - como bombar em uma
matéria na faculdade - e como estava sua saúde mental.
Quando analisaram os resultados, os
cientistas perceberam que os participantes que tinham o córtex pré-frontal
dorsolateral mais ativos também usavam uma estratégia muito inteligente para
controlar suas emoções.
De acordo com os relatos dos estudantes
que tinham o cérebro mais estimulado pelas contas matemáticas, quando eles
tinham problemas como repetir uma matéria na faculdade, a estratégia que usavam
era muito parecida com o que psicólogos cognitivo-comportamentais chamam de
reavaliação cognitiva.
Funciona assim: ao invés de focar na
sensação negativa que aquele problema causa, a pessoa tenta analisar e
processar o problema, adaptando as emoções associadas com esse acontecimento e
tornando-as mais positivas (e aí a nota baixa vira motivação ou desafio, por
exemplo). Quem usava esse tipo de regulação emocional também apresentou níveis
mais baixos de ansiedade e depressão.
Segundo o artigo, a gestão das emoções
depende de três fatores: construir expectativas, ser capaz de enxergar uma
série de explicações alternativas e fazer análises racionais santes de
sair fazendo julgamentos - habilidades necessárias também nas contas
matemáticas.
"Nossa
pesquisa mostra a primeira evidência direta de que nossa habilidade de regular
emoções como medo ou raiva reflete a capacidade do cérebro de fazer cálculos
numéricos mentalmente",falou Matthew Scult,
autor do estudo.
Só que o estudo tem a famosa limitação
das correlações: não dá para saber que fator causou o outro. Ou seja: pode ser
que pessoas que já tem uma melhor regulação emocional sejam melhores em fazer
cálculos matemáticos mentais. A solução que os pesquisadores querem adotar é
acompanhar crianças até a vida adulta e ver qual das habilidades se apresenta
primeiro.
Fonte : Site Superinteressante
Nenhum comentário:
Postar um comentário